quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Conheça escolas de Londrina que fogem do tradicional e apostam em propostas diferenciadas de ensino


Gisele Rech, Especial Para O JL
Fonte: Jornal de Londrina

Na Apoena, atividades que valorizam os sentidos
 (Crédito: Divulgação)
Na Apoena, atividades que valorizam os sentidos (Crédito: Divulgação)



O estudante Gustavo Gorla transita com desenvoltura entre os conteúdos ministrados no ensino médio. Hoje, no terceiro ano, dá conta da preparação para o vestibular, que vai prestar para Música. A disciplina, a organização e o afinco com o qual conduz as tarefas, segundo ele próprio, é reflexo direto da base que teve em uma escola que está na lista daquelas que apostam em propostas pedagógicas que fogem ao padrão tradicional.

Ele diz que ter estudado no Instituto de Educação Infantil e Juvenil (IEIJ) o ajudou a ter disciplina, valores éticos e morais consolidados, que ajudaram a formar o modo como ele vê o mundo. “Éramos bastante exigidos com tarefas diárias elaboradas pelos próprios professores, que incluíam pesquisas em artigos de revista, jornal, produção de texto. Tudo era baseado no método da experimentação do que aprendíamos”, afirma.

Piaget
A escola segue a proposta educacional de Jean Piaget, uma das referências usadas nos estudos da neurociência. De acordo como o diretor do IEIJ, Marcio Hideo Ara Bueno, o que é ensinado e o modo como isto é feito é cuidadosamente moldado em função das respostas dos alunos. “Os professores atuam com mediadores e preparam o material pedagógico em um nível de exigência condizente com o potencial de cada aluno”, explica. Além do trabalho personalizado, outra característica prezada pela escola é apostar na interdisciplinaridade. “Os conteúdos não se limitam à própria área. Por isso os professores trabalham juntos, num trabalho de complementação entre as disciplinas”, diz Bueno.

O Colégio Sesi, que oferece da pré-escola ao ensino médio, também aposta no trabalho em equipe, mas ele é concentrado de modo mais intenso nos alunos. “Todas as atividades são realizadas em grupo, que entendemos como uma forma de preparar os alunos para o dia a dia do trabalho”, explica a diretora da escola, Elizabeth Pereira Luna. A proposta visa ainda incentivar o intercâmbio de experiências, o exercício de escuta do próximo e o fortalecimento das formas de convivência, mediante rotinas comuns no mundo do trabalho. Outro diferencial, segundo Elizabeth, está no método de avaliação. “Os estudantes não sabem quando estão sendo avaliados pelo professor. A escolha se dá em função da percepção do momento propício e inclui uma avaliação coletiva e outra individual.”
Criatividade
As palavras sensibilização, educação, trabalho e atualização, que formam a sigla da Seta, sintetizam a proposta pedagógica da escola, voltada para crianças até o quinto ano do ensino fundamental. Segundo a diretora Mira Roxo, a intenção é desenvolver a autoconfiança e a iniciativa própria nos alunos. “São fatores essenciais à criatividade e para a conquista da autonomia. Para isso, é fundamental saber respeitar os “combinados”, sejam eles criados pelo grupo ou pela sociedade”.

Outra preocupação da escola é investir na curiosidade dos estudantes para que eles desenvolvam o hábito da pesquisa. No incentivo à autonomia e à criatividade de cada aluno, Mira afirma que a escola aposta na filosofia de pensadores avessos ao método tradicional de ensino. “Não nos entregamos ao formalismo, a forma em detrimento da ideia. Nossa lista de material inclui disposição, alegria, bom humor, interação e bate papo, para preservar o material mais importante da nossa linha de trabalho: o humano.”

A escola Apoena, também voltada para crianças até o ensino fundamental, é outra que aposta em um método mais libertário de educar. A diretora Gisele Favoretto define a instituição como uma escola sem muros. “Não preparamos o aluno para a vida, mas para que o aprendizado seja a própria vida.” Na prática, isto se materializa em um processo constante de experimentação e pesquisa, que inclui desafios matemáticos, trabalhos com instrumentos musicais e conversas com especialistas, conforme o tema de cada lição.

“Acreditamos que quanto maior o contato dos estudantes com elementos que despertam os sentidos, mais se desenvolve neles a capacidade de criar.” Por isso, Gisele é enfática ao afirmar que, na escola, os professores trabalham de modo intenso para despertar e potencializar as melhores qualidades dos alunos, com ênfase especialmente à criatividade. “Eles cumprem as disciplinas, passam por avaliações e fazem tarefas, mas não perdem o protagonismo.”

Boliche para entender as Leis de Newton
Em algumas escolas, como é o caso do Colégio Marista, são os professores que investem em atividades fora do convencional para reforçar o conteúdo ministrado em sala. É o caso do professor de física Eduardo Nagao, que introduziu o boliche como atividade complementar para que os alunos possam ver, na prática, como funcionam as Leis de Newton.

De acordo com o mestre, a ideia é mesclar diversão com conteúdo. “A partir do jogo eles percebem os movimentos e fazem cálculos propostos em um relatório, que deve ser entregue ao final da atividade”, diz. Devido ao conteúdo abordado, os alunos que participam da aula, que é realizada uma vez ao ano, são do primeiro ano do ensino médio. “Nos primeiros dias de aula eles já perguntam quando vai ser.” E não é à toa. Segundo Nagao, até os alunos que rendem menos em sala se empolgam com o aprendizado na pista de boliche. “O índice de acerto dos relatórios fica em mais de 90%”, comemora.





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