quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Você gosta de desafios?



Entender as bases biológicas da resiliência contribui para melhorar a forma como as pessoas lidam com as adversidades.

Pesquisadores encontraram evidências de bases neurobioquímicas da capacidade de se recuperar de adversidades. Logo no início da vida, os genes de um indivíduo e sua interação com o ambiente influem na formação de circuitos neurais que fundamentam a força p...
sicológica e os comportamentos das pessoas resilientes.

Já se sabe que enfrentar medos, experimentar emoções positivas, procurar formas de adaptação que reformulem eventos estressantes e tragam benefícios dos relacionamentos interpessoais é fundamental para reforçar a resiliência. Essa habilidade depende de caminhos neurais relacionados ao medo, à recompensa e à regulação social e emocional. Esses circuitos se sobrepõem em determinadas estruturas cerebrais.

A amígdala, por exemplo, não só regula o medo, mas também tem papel importante na recompensa, através do processamento de emoções positivas. O núcleo accumbens, o centro de recompensa, também influencia comportamentos como sociabilidade e ligações amorosas. O córtex pré-frontal medial desempenha papel nos três circuitos e ajuda a regular interações e emoções sociais, repassando informações para outras regiões responsáveis por decisões mais complexas. Como resultado da sobreposição e conexões entre esses circuitos, a maneira como a pessoa enfrenta o medo está relacionada à sua capacidade de se manter otimista mesmo diante de situações de estresse e de procurar viver experiências sociais gratificantes em tempos difíceis.

Os circuitos neurais relacionados ao medo, à recompensa a ao comportamento social são alimentados por diversos neurotransmissores e hormônios. O neuropeptídeo Y, por exemplo, é uma proteína encontrada na amígdala, outra região relacionada ao medo e à ansiedade. A presença do neuropeptídeo Y em pessoas que passam por situações extremamente estressantes, como um treinamento militar severo, está relacionada a melhor desempenho. No entanto, altos níveis de cortisol, hormônio envolvido com o estresse, estão associados com a depressão. A norepinefrina, outra substância relacionada ao estresse, ajuda-nos a reagir adequadamente diante do perigo, preparando-nos para lutar ou fugir. Por outro lado, o aumento excessivo desse hormônio pode deflagrar ansiedade crônica. A dopamina e a serotonina ajudam a manter o sentimento de otimismo em condições difíceis.

Os cientistas acreditam que a resiliência também esteja relacionada à ativação do córtex pré-frontal esquerdo. Quando ativada, essa região na superfície do cérebro, logo atrás da testa, envia sinais inibitórios para a amígdala, o que diminui a ansiedade e as emoções baseadas no medo, deixando a região frontal do cérebro livre para planejar e definir metas. Dessa forma, a pessoa é mais capaz de perseverar, de manter a autoimagem positiva e a esperança em situações de estresse e de elaborar um plano de ação sem se sentir oprimida pelo medo ou por outras emoções. Entender as bases biológicas da resiliência pode ajudar pesquisadores e clínicos a criar intervenções psicológicas e farmacológicas para melhorar a forma como as pessoas lidam com as adversidades.

O texto acima é um trecho da matéria "Que venham os desafios". Para ler essa e outras reportagens na íntegra, adquira a Revista Mente e Cérebro 248 – Superação.
 
 

 

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