quinta-feira, 11 de julho de 2013

Estreia hoje nos EUA: ‘The Bridge’, que se passa na fronteira com o México, aborda o autismo e usará legendas

thebridge
  por Gabriela Pagano

Hoje à noite, a atriz alemã “de cinema” Diane Kruger construirá uma ponte com os telespectadores. É que às 22h, no fuso horário americano, ela faz sua estreia na TV, na série The Bridge, do canal FX.

Na produção, um remake do seriado escandinavo Bron/Broen, Kruger será Sonya North, uma detetive americana  focada em seu ofício, enquanto o ator Demián Bichir (Che 2 – A Guerrilha) será Marco Ruiz, um policial mexicano que fará dupla com Sonya. Os dois trabalham na fronteira entre o México e os Estados Unidos e precisam deter um assassino que tem assustado a região que separa El Paso, no Texas, de Juarez, no México.

“Estamos tentando mostrar como duas culturas tão diferentes, dois países tão diferentes, podem colocar suas diferenças de lado para o bem maior”, disse a atriz sobre o programa, que também deve abordar a polêmica questão da imigração entre os dois países. “Você praticamente tem que ser cego e surdo para não ouvir sobre essas questões, ouvir sobre imigração, e assim por diante”, opinou Kruger. “Então, eu estou intrigada com esse aspecto da série, com certeza. Quero entender mais. E eu acho fascinante – e muito arriscado, na verdade – da parte de FX  contar essa história”, revelou.

De acordo com a atriz, o show não será desses suspenses convencionais, em que, cada noite, o espectador senta no sofá para acompanhar um crime a ser solucionado, assassinato após assassinato, nem se posicionar a favor de uma das duas culturas expostas no enredo. “No final do dia, [educar] não é o nosso trabalho, o show tem que ser divertido. Mas o que estamos tentando fazer é acender uma luz sobre a situação. E não ser parcial a ambos os lados”, garante.


Diferença com a série original
Na versão original, Broen, lançada em 2011, a história se passa na fronteira da Suécia com a Dinamarca, duas nações ligadas pela Ponte de Øresund. Kruger diz que a nova série se distancia da atração original e uma das maiores mudanças no enredo está em sua personagem. “[O plano de fundo] irá mostrar um lado muito emocional da Sonya”, explica.

Síndrome de Asperger
Nas duas versões de The Bridge, a detetive Sonya tem Síndrome de Asperger, um transtorno de autismo que dificulta a interação social daqueles que o possuem. Na série americana, no entanto, embora fique evidente que a personagem sofra do transtorno, o nome da síndrome jamais é dito “em voz alta, porque não queríamos que a condição dela definisse quem ela é”, contou Kruger, que ainda classificou a decisão, por parte dos roteiristas, como corajosa.
Foi justamente a  Síndrome de Asperger – recentemente retratada em outra série sobre assassinatos, Hannibal, através do personagem Will Graham (Hugh Dancy) – que atraiu a atriz, conhecida pelos trabalhos no cinema, como Bastardos Inglórios, A Lenda do Tesouro Perdido e Desconhecido, ao projeto televisivo. “Porque, sim, ela tem essa condição, e há tantas falhas em sua vida pessoal, que aparecem por causa dela, mas ela é tão diferente em seu trabalho, porque ela tem essa capacidade de se concentrar e realmente olhar para as coisas de um ponto de vista diferente”, avaliou ela, que contou com a ajuda de um jovem, portador da síndrome, para construir sua personagem – o rapaz a acompanha diariamente nos sets de filmagem.

Força feminina
Para Kruger, é um desafio dar vida a uma policial brilhante em seu trabalho, mas que, tendo a dificuldade em interagir com as pessoas, precisa realizar entrevistas difíceis com parentes de vítimas e assassinos. A experiência, além de torná-la uma atriz mais madura, também colabora com a imagem cada vez mais forte com que as mulheres são retratadas na televisão. “Ainda vão haver filmes que tem grandes papéis femininos, mas eu acho que, definitivamente, na TV a cabo, a partir de Mad Men, Homeland ou Robin Wright em House of Cards, as peças femininas não têm medo”, diz. “Parece-me que o público está à procura de personagens como esse e isso é muito excitante para as mulheres”, comemorou.




Enredo
Apesar de a série começar com um serial killer a solta na fronteira entre México e Estados Unidos, o caso deve se estender por quase toda a temporada e não por ela inteira. Segundo os produtores, a história gira mais em torno da relação – culturalmente distinta – construída entre os personagens de Kruger e Bichir, do que os assassinatos propriamente ditos.
Os dois detetives, de início, não irão se dar bem. “Sonya é uma pessoa difícil de se atingir”, explica a produtora-executiva da série, Meredith Stiehm, que garante que, ao longo da temporada, essa barreira irá ser quebrada, principalmente por Sonya enxergar um “aconchego” na relação com o detetive Marco.


 Demián Bichir
De acordo com Stiehm, Bichir sempre foi a prioridade para interpretar Marco. “Não havia plano B”, garante a produtora. “Demián tem aquele calor típico do personagem”, concluiu. E se o autismo da personagem Sonya foi o que motivou Kruger a aceitar vivê-la, Bichir teve outras razões para se interessar pelo projeto. “Eles me disseram, ‘Sua co-protagonista será Diane Kruger’”, contou o ator. Bastou.

Língua espanhola e uso de legendas
Diferente dos outros projetos que abordam a cultura hispânica e em que a língua espanhola aparece apenas em alguns momentos, todo o núcleo mexicano de The Bridge irá, de fato, se comunicar em espanhol. Bichir tem até ajudado para que os diálogos sejam feitos de maneira certa e natural.

Kruger não se preocupa com o fato de que os espectadores americanos, desacostumados a ler legendas, estranhem a nova dinâmica da série e desliguem seus televisores. Ela relembra o filme Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, produção da qual participou e havia enorme preocupação quanto às legendas utilizadas. O resultado: aclamação crítica e indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original a Tarantino.

Ficha técnica
O piloto de The Bridge é assinado por Meredith Stiehm (Homeland) e Elwood Reid (Hawaii Five-0) e foi dirigido por Gerardo Naranjo. O FX já encomendou 13 episódios da série, que ainda conta com nomes como Ted Levine ( O Silêncio dos InocentesMonk), Annabeth Gish (Pretty Little Liars), e Thomas M. Wright no elenco. Uma versão franco-inglesa de The Bridge também está sendo desenvolvida, intitulada The Tunnel, e será protagonizada por Clémence Poésy (Fleur dos filmes do Harry Potter) e Stephen Dillane (Game of Thrones).

Ficou interessado? The Bridge estreia hoje à noite, às 22h, pelo canal americano FX. No Brasil, a série chega no próximo dia 21 de julho, às 22h30, também pelo FX.

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