sexta-feira, 27 de abril de 2012

Applied Beravior Analysis - Análise Aplicada do Comportamento

De acordo com o Departamento de Saúde do Estado de Nova Yorque, procedimentos derivados da análise do comportamento são essenciais em qualquer programa desenvolvido para o tratamento de indivíduos diagnosticados com autismo. A academia nacional de ciências dos EUA, por exemplo, concluiu que o maior nº de estudos bem documentados utilizaram-se de métodos comportamentais. Além disso, a Associação para a Ciência do Tratamento do Autismo dos Estados Unidis, afirma que ABA é o único tratamento que possui evidência científica suficiente para ser considerado eficaz.

O tratamento ABA envolve o ensino intensivo e individualizado das habilidades necessárias para que o indivíduo possa adquirir independência e a melhor qualidade de vida possível. Dentre as habilidades ensinadas incluem-se comportamentos sociais, tais como contato visual e comunicação funcional; comportamentos acadêmicos tais como pré-requisitos para leitura, escrita e matemática; além de atividades da vida diária como higiene pessoal. A redução de comportamentos tais como agressões, estereotipias, autolesões, agressões verbais, e fugas também fazem parte do tratamento comportamental, já que tais comportamentos interferem no desenvolvimento e integração do indivíduo diagnosticado com autismo.

Durante o tratamento comportamental (ABA), habilidades geralmente são ensinadas em uma situação de um aluno com um professor via a apresentação de uma instrução ou uma dica, com o professor auxiliando a criança através de uma hierarquia de ajuda (chamada de aprendizagem sem erro). As oportunidades de aprendizagem são repetidas muitas vezes, até que a criança demonstre a habilidade sem erro em diversos ambientes e situações. A principal característica do tratamento ABA é o uso de consequências favoráveis ou positivas (reforçadoras). Inicialmente, essas consequências são extrínsicas (ex. uma guloseima, um brinquedo ou uma atividade preferida). Entretanto o objetivo é que, com o tempo, consequências naturais (intrínsecas) produzidas pelo próprio comportamento sejam suficientemente poderosas para manter a criança aprendendo. Durante o ensino, cada comportamento apresentado pela criança é registrado de forma precisa para que se possa avaliar seu progresso.

O uso da Análise Comportamental Aplicada voltada para o autismo baseia-se em diversos passos: 1- avaliação inicial, 2- definição de objetivos a serem alcançados, 3- elaboração de programas/procedimentos, 4- ensino intensivo, 5- avaliação do progresso. O tratamento comportamental caracteriza-se, pela experimentação, registro e constante mudança. A lista de objetivos a serem alcançados é definida pelo profissional, juntamente com a família com base nas habilidades iniciais do indivíduo. Assim, o envolvimento dos pais e de todas as pessoas que participam da vida da criança é fundamental durante todo o processo.

Concluindo, ABA consiste no ensino intensivo das habilidades necessárias para que o indivíduo diagnosticado com autismo ou transtornos invasivos do desenvolvimento se torne independente. O tratamento baseia-se em anos de pesquisa na área da aprendizagem e é hoje considerado como o mais eficaz.


Caio Miguel,

Ph.D, Psicólogo, doutor em análise do comportamento pela Western Michigan Universit.

Artigo publicado no BAB - Boletim Autismo Brasil n.2, de junho de 2005.






Quem pode se beneficiar com ABA?
O tratamento com Aba tem beneficiado todo o tipo de aprendiz em todas as idades, com muita ou pouca habilidade, em várias questões diferentes. No começo dos anos 60, começou-se a se trabalhar com a análise do comportamento em crianças autistas e com outras desordens do desenvolvimento. Desde aquela época, uma grande variedade de técnicas de ABA tem sido desenvolvida para construir o aprendizado em crianças autistas de todas as idades. Essas técnicas são usadas tanto em situações mais estruturadas e formais como nas situações mais naturais, tipo as situações do dia-a-dia e tanto na situação de 1 pra 1, como nas instruções em grupo.
O uso dos princípios e técnicas da ABA para ajudar pessoas com autismo terem uma vida mais feliz e produtiva se expandiu rapidamente nos últimos anos. Hoje, ABA é amplamente reconhecido como seguro e efetivo no tratamento do autismo.

ABA tem sucesso com autistas adultos?
Sim. Documentos de pesquisa mostram que várias técnicas de ABA são efetivas em construir habilidades em crianças, adolescentes e adultos com autismo e disordens relacionadas. E ainda, os métodos de ABA são úteis em ajudar as famílias a lidar com muitos comportamentos difíceis que podem acompanhar o autismo, sem os efeitos colaterais de drogas. Nos EUA muitos desses indivíduos adultos com acompanhamento de ABA aprenderam a desenvolver alguma atividade voltada pro trabalho e a ter uma ótima participação em suas comunidades.

Fonte: Autismo em Foco



quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tratamento experimental reduz sintomas do autismo em cobaias

Um tratamento experimental reduziu dois dos três grandes distúrbios do autismo em ratos de laboratório - o comportamento repetitivo e a falta de socialização -, apontou um estudo realizado nos Estados Unidos e divulgado nesta quarta-feira.

A molécula denominada GRN-529, criada pelo grupo farmacêutico americano Pfizer, se concentra no glutamato, principal neurotransmissor presente em todo o cérebro e que tem um papel-chave na ativação dos neurônios, as células do cérebro.

Os cientistas, cujo estudo foi publicado na revista médica americana Science Translational Medicine, pensam que esta molécula atua sobre um receptor específico do glutamato e mingua sua ação sobre os neurônios.

A molécula atualmente passa por um teste clínico com pacientes que sofrem da síndrome do X frágil, principal causa de retardamento mental hereditário, que apresenta certas similaridades com distúrbios do espectro do autismo.

O fato de que esta molécula já tenha passado por um teste clínico para sintomas dos quais alguns são similares aos do autismo aumenta as possibilidades de agir sobre estes distúrbios. "Os resultados destas experiências em ratos levam a crer que é possível considerar uma estratégia que consista em desenvolver um único tratamento para tratar vários simtomas", explicou Jacqueline Crawley, do Instituto Nacional Americano de Saúde Mental (NIMH).

"Uma grande quantidade de casos de autismo é provocada por mutações nos genes que controlam os processos em curso de desenvolvimento, como a formação e a maturidade das sinapses que unem os neurônios entre si", acrescentou. "Se os defeitos nestas conexões entre neurônios não forem estruturais, os principais distúrbios do autismo poderiam ser tratados com medicamentos", afirmou a cientista.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Educação e Alfabetização na perspectiva ABA


Educação e Alfabetização na perspectiva
da Análise Aplicada do Comportamento (ABA)
para crianças com desenvolvimento atípico


Dia: 16/06/2012
Horário: 08h às 17h30
Local: Centro Universitário Newton Paiva - Campus Carlos Luz - Auditório Nominato - Av. Presidente Carlos Luz, 220 - Caiçara - Belo Horizonte - MG
E-mail: contato@creativeideias.com.br
Telefone: (21) 2577 8691 | (21) 3246 2904 | (21) 8832 6047 | (31) 8636 1392

PÚBLICO ALVO:
Pais, Parentes, Mediadores, Estagiários, Monitores, Facilitadores, Psicólogos, Psicopedagogos, Professores, Fonoaudiólogos, Pedagogos, Terapeuta Ocupacional, Estudantes de Graduação e/ou Pós e demais interessados no assunto.

OBJETIVO:
Fornecer técnicas e estratégias para facilitar a alfabetização de alunos com TGD (Transtorno Global do Desenvolvimento).

PALESTRANTE:
Luiz Alexandre Barbosa de Freitas - Psicólogo formado pela Universidade Federal de São João Del Rei, Mestre em Análise do Comportamento pela Universidade Estadual de Londrina e com curso de Intervenção Precoce para Desenvolvimento Atípico no Núcleo Paradigma – SP. Ministra aulas no ensino superior e realiza intervenções utilizando a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) em crianças e adolescentes com desenvolvimento atípico. CRP 01714 MT


CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:


  • Conceitos básicos da Análise do Comportamento e a forma desta abordagem sobre a Educação;
  • A Construção de pré-requisitos no ambiente individualizado como base para a Inclusão Escolar;
  • Reforçamento Positivo e Motivação: pilares da intervenção individualizada e social;
  • Análise Funcional Descritiva: Miminização de Comportamentos Disruptivos e Maximização comportamentos pró-sociais;
  • Alfabetização e Análise Aplicada do Comportamento;
  • A noção de Equivalência de Estímulos: relações arbitrárias entre estímulos auditivos visual-textuais;
  • Estabelecendo controle por unidades verbais mínimas da língua (sílabas/letras) e os comportamentos de leitura e escrita;
  • Dicas de material adaptado;
  • Perspectivas além da alfabetização em direção ao prosseguimento para o ensino fundamental.


  • INVESTIMENTO:

    •    ATÉ 11/05
    R$ 80,00 - individual (cartão)
    R$ 70,00 - individual (depósito)
    R$ 60,00 - cada inscrito - grupos a partir de 6 pessoas (depósito)


    •    ATÉ 01/06
    R$ 90,00 - individual (cartão)
    R$ 80,00 - individual (depósito)
    R$ 70,00 - cada inscrito - grupos a partir de 6 pessoas (depósito)

     
    •    APÓS 01/06
    R$ 100,00 - individual (cartão)
    R$ 90,00 - individual (depósito)
    R$ 80,00 - cada inscrito - grupos a partir de 6 pessoas (depósito)



    INSCRIÇÕES: http://www.creativeideias.com.br/

    sexta-feira, 20 de abril de 2012

    Estudo liga falha genética no cérebro a déficit de atenção

    O TDAH é uma desordem psiquiátrica comum, mas complexa, com sintomas como desatenção, comportamento impulsivo e hiperatividade
    O TDAH é uma desordem psiquiátrica comum, mas complexa, com sintomas como desatenção, comportamento impulsivo e hiperatividade (Polka Dot/Thinkstock)

    Um estudo americano relaciona a descoberta de alterações em genes específicos envolvidos em importantes vias de sinalização do cérebro ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Publicado na versão on-line do periódico Nature Genetics, o levantamento abre portas para o desenvolvimento de drogas que possam agir especificamente nessas vias -- oferecendo, assim, novas opções de tratamento para o problema.

    O TDAH é uma desordem psiquiátrica comum, mas complexa, com ocorrência estimada em 7% das crianças em idade escolar e em uma porcentagem pequena nos adultos. Existem diferentes subtipos de TDAH, com sintomas como desatenção, comportamento impulsivo e hiperatividade. Suas causas ainda são desconhecidas, mas o transtorno tende a permanecer na família e, acredita-se, que seja influenciado pela interação de diversos genes. O tratamento medicamentoso nem sempre é eficaz, particularmente em casos mais graves.

    Variação genética - “Ao menos 10% dos pacientes com TDAH da nossa amostra têm essa variação genética”, diz Hakon Hakonarson, coordenador do estudo e diretor do Centro de Genética Aplicada do Hospital da Criança da Filadélfia. “Os genes envolvidos afetam o sistema de neurotransmissores do cérebro implicados no TDAH. Agora temos uma explicação genética para essa ligação, que se aplica a um subconjunto de crianças com a desordem.”

    A equipe de pesquisadores fez uma análise do genoma inteiro de 1.000 crianças com TDAH recrutadas no Hospital da Criança da Filadélfia, comparadas com 4.100 crianças sem a desordem. Os pesquisadores procuraram por variações no número de cópia (CNVs), que são deleções ou duplicações da sequência de DNA. Em seguida, eles avaliaram os resultados iniciais em vários grupos independentes, que incluíam perto de 2.500 casos com TDAH e 9.200 sujeitos de controle.

    Entre esses grupos, os pesquisadores identificaram quatro genes com um número alto significativo de CNVs em crianças com TDAH. Todos os genes eram membros da família de genes receptores de glutamato, com o resultado mais forte no gene GMR5. O glutamato é um neurotransmissor, uma proteína que transmite sinais entre neurônios no cérebro. “Membros da família de genes GMR, juntamente com os genes com que interagem, afetam a transmissão nervosa, a formação de neurônios e as interconexões no cérebro. Então, o fato de que crianças com TDAH são mais suscetíveis a terem alterações nesses genes reforçam as evidências de que o GMR é importante no TDAH”, diz Hakonarson.

    quinta-feira, 19 de abril de 2012

    Dislexia



    Reportagem no Fantástico sobre Dislexia, Transtorno específico de leitura que interfere em toda a escolaridade - Março de 2008.

    Cientistas revertem autismo severo em ratos

    Cientistas revertem autismo severo em ratos
    Clique no link abaixo para ver uma entrevista aos investigadores (em inglês)
    Esta notícia tem conteúdo multimédia, clique aqui para visualizar
     
    Cientistas da Escola de Medicina da Universidade da Virginia (EUA) conseguiram reverter, em ratos, os sintomas de um dos tipos mais severos de autismo: a síndrome de Rett. O tratamento, divulgado este mês no site da revista Nature, baseia-se em transplantes da medula óssea e no reforço do sistema nervoso dos doentes.
    O Síndrome de Rett resulta de uma anomalia no gene mecp2 que causa desordens de ordem neurológica que eliminam as capacidades motoras e intelectuais dos doentes, atingindo sobretudo crianças do sexo feminino. Os doentes do sexo masculino costumam falecer com apenas alguns meses de idade. As pacientes do sexo feminino sobrevivem até à idade adulta mas necessitam de vigilância 24 horas por dia. 
    Até agora não havia qualquer tipo de tratamento ou medicação para este tipo de autismo, mas a descoberta destes cientistas traz nova esperança para as famílias destes doentes.
    Os investigadores da Virgínia desconfiavam que as células micróglias – da família das células glias e responsáveis pela defesa do sistema nervoso – apresentavam uma deficiência nos indivíduos portadores da doença. Examinando o papel destas células na doença de Rett, o investigador Jonathan Kipnis desenvolveu uma nova forma de combater esta devastadora síndrome neurológica.
    Para testarem a teoria, Kipnis e a sua equipa trataram ratos portadores da síndroma de Rett com uma radiação que matou as suas células micróglias doentes, efetuando depois um transplante de células de medula óssea para dar origem a novas células micróglias reforçanco assim a defesa do sistema nervoso dos alvos (ver vídeo explicativo acima - em inglês).

    Os ratos submetidos ao tratamento começaram a respirar melhor, adquiriram uma maior mobilidade e aumentaram a sua massa corporal. O tratamento funcionou tanto em ratos do sexo feminino como em ratos do sexo masculino embora os resultados tenham sido mais evidentes nas fêmeas.
    "Se conseguirmos provar que o sistema imunitário desempenha um papel fundamental nos doentes com Rett e se conseguirmos substituí-lo de forma segura podemos vir a desenvolver terapias bem-sucedidas no futuro", disse Jonathan Kipnis, o investigador principal, à revista Nature.com.

    Clique AQUI para aceder a um comunicado do Rett Syndrome Research Trust (em português), que patrocinou a investigação.

    Menina que nasceu sem as mãos vence concurso de caligrafia nos EUA

    Anne Clark usa os braços para escrever (Foto: AP) 
    Anne Clark, de 7 anos, usa os braços para prender o lápis e poder escrever (Foto: AP)
    A menina Anne Clark, estudante da primeira série da escola Wilson Christian Academy, em West Mifflin, na Pensilvânia, ganhou um concurso de caligrafia para estudantes com deficência de escolas dos Estados Unidos. Anne, de 7 anos, nasceu sem as mãos e prende o lápis entre os braços para poder escrever.

    A categoria faz parte do 21º Concurso Anual de Caligrafia dos Estados Unidos. O prêmio para alunos com deficiência foi criado no ano passado com o nome de um estudante (Maxim Nicholas) que também não tinha as mãos e usava o antebraço para escrever. Nicholas impressionou os juízes o suficiente para que eles criaram uma nova categoria para alunos com deficiência.

    Anne foi premiada na categoria de letras de forma/imprensa. O vencedor de melhor caligrafia em letra cursiva foi Remiel Colwill, estudante da quinta série da escola St. Mary Magdalene, em Eastlake, Ohio. Remiel tem uma deficiência visual. Ele e Anne ganharam um troféu e um prêmio de US$ 1 mil para cada.

    Fonte: Do G1, com informações da Associated Press
     

    Escolas usam tecnologia para fugir do estereótipo sobre cultura indígena

    Frente a frente com o índio Klekeiniho, a pequena Maria, de 6 anos, estica o braço e toca o cocar de penas do já antigo amigo, em uma atividade que se repete desde 2010 e virou tradição no Colégio Sidarta, em Cotia, na Grande São Paulo: uma vivência entre membros do grupo indígena Fowá Fulni-ô, que vive em uma reserva na cidade de Águas Belas, no interior de Pernambuco, e crianças de todas as idades que estudam no colégio. A experiência foi a forma que os Fulni-ô encontraram para derrubar os mitos que a sociedade brasileira mantém sobre seus índios, e a tecnologia os ajuda a se aproximarem do homem branco.

    Klekeiniho, da tribo Fowá Fulni-ô, de Pernambuco interage com Maria, aluna do Colégio Sidarta, em São Paulo (Foto: Divulgação) 
    O índio Klekeiniho interage com Maria, aluna do Colégio Sidarta, em março em São Paulo (Foto: Divulgação)
     
    Segundo Carmen Maria Hester, coordenadora da área de línguas do Sidarta, os Fulni-ô mantêm contato telefônico regular com o seu e outros colégios paulistas, e viajam uma vez por ano a São Paulo para participar de atividades com os estudantes que eles mesmos planejam, com o auxílio das escolas. Os indígenas aproveitam o mês de abril, quando se comemora o Dia do Índio, para conseguir que as escolas abram suas portas para a experiência que tenta desfazer, segundo Carmen, a "visão totalmente estereotipada que o brasileiro do século 21 tem do indígena brasileiro".

    A experiência deu tão certo que, neste ano, o colégio decidiu antecipar a atividade para março porque o grupo não estaria em São Paulo em abril. E produziu um vídeo com vivências anteriores para registrar o aprendizado intercultural.

    Índios Fulni-ô pintam rosto de aluna (Foto: Divulgação) 
    Índios pintam rosto de aluna (Foto: Divulgação)
     
    Carmen afirmou ao G1 que os índios envolvem as crianças em atividades como a pintura de rostos para os alunos da pré-escola, a contação de histórias em volta de uma fogueira para os estudantes do fundamental e até um inusitado resgate dos ensinamentos de matemática da tribo, que os próprios índios precisaram perguntar aos mais velhos do grupo antes de compartilhar com os alunos adolescentes e o professor de matemática.

    "Nem todos os índios estão ainda vestidos da maneira ilustrada nos livros e filmes, tem já uma comunidade indígena já bem fortalecida. Tem os que são advogados, engenheiros, tem de tudo. Eles têm celular, usam laptop, são antenados, mas a missão deles é trazer a cultura indígena pro homem branco, é nessas palavras que eles colocam", afirmou Carmen.

    Além da presença de indígenas na escola, os professores buscam aproveitar as facilidades do mundo atual para mostrar a presença da cultura indígena na realidade dos estudantes. Com CDs de músicas gravadas nas aldeias ou em estúdio, vídeos publicados no YouTube e até a própria iniciativa de índios como o filósofo e doutor em educação Daniel Munduruku, autor premiado pela Unesco que escreve livros para crianças e adolescentes sobre o cotidiano e as lendas dos indígenas brasileiros.

    'Querem ficar iguais'
    As novidades são aproveitadas para todas as idades em atividades que vão muito além de pintar o rosto e prender uma pena no cabelo. Andrea de Paula Notari, professora do maternal II do Colégio São Luís, usou a internet para mostrar a seus alunos, de 3 e 4 anos, imagens de crianças da idade deles que vivem em aldeias.

    "Isso amplia bem a visão do que é o índio, a gente não trabalha o índio como um personagem, e sim como uma pessoa que faz parte da nossa realidade, tem parte do índio na gente", explicou ela, que deixou que os alunos escolhessem que pinturas faciais copiar das fotos e trabalhou a formação das cores a partir dos elementos encontrados na natureza. "Eles gostam, deixam pintar porque estão vendo uma criança pintada e querem ficar iguais a ela."

    Além das fotos, os alunos do São Luís escutaram um CD de músicas gravado com crianças indígenas e puderam interagir com um cenário construído na sala de aula, com ocas, objetos do cotidiano indígena e esculturas de madeira feitas por uma professora a partir de desenhos de alunos do primeiro ano do ensino fundamental. Segundo Adriana, eles ainda aprenderam mais sobre a mandioca, um dos principais alimentos da cultura indígena, e depois fizeram um bolo em uma atividade de culinária.

    No Colégio Dante Alighieri, a proposta pedagógica a respeito dos índios foi atualizada neste ano. "Eles sempre saíam com cocar, colar e tudo isso, mas essa não é muito mais uma realidade próxima deles, não é mais esse índio que a gente vê, então nós reformulamos a proposta", disse Angela De Cillo Martins, coordenadora pedagógica da educação infantil e do primeiro ano do fundamental.

    Suely Lerner, professora e coordenadora de música do Dante, usou a lousa digital para unir índios e alunos em um único concerto. A educadora pesquisou vídeos de apresentações musicais transmitidos através do equipamento e incentivou as crianças da educação infantil a tocarem junto com os instrumentos à disposição. 

    "Eles tocam junto com o vídeo, junto com a música, parece que estão fazendo parte de algo", contou Suely
    Ela conta que aproveitou apresentações culturais de tribos no Sesc e uma visita a uma aldeia em Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo, para comprar CDs e instrumentos. "Acho que falta para a gente o acesso para ter uma identificação maior, eles estão muito distantes", afirmou ela.

    Hino nacional em guarani
    Nesta quinta-feira (19), os alunos do 5º ano do fundamental do Colégio Santa Maria, na Zona Sul de São Paulo, vão finalmente apresentar uma canção que estão ensaiando, segundo a professora Márcia Almirall, há cerca de 20 dias: o hino nacional brasileiro, na versão em guarani.

    O Colégio Santa Maria organiza, todos os anos, visita ao Parque dos Tupiniquins, em Bertioga (Foto: Divulgação) 
    O Colégio Santa Maria organiza, todos os anos, visita ao Parque dos Tupiniquins, em Bertioga (Foto: Divulgação)
     
    "A gente quer tirar um pouco a imagem que os alunos carregam do índio como um ser à parte da sociedade, que não é cidadão. Levantamos questões para mostrar que ele tem espaço como cidadão brasileiro. Isso não significa que ele abre mão da cultura, ela pode permanecer, mas o índio tem todos os direitos de se inserir na tecnologia atual, viver as mesmas experiências", disse Márcia.

    Uma das formas de o índio manter a cultura, segundo ela, é a língua, por isso a escolha de ensinar aos alunos o idioma guarani por meio do hino nacional, também disponível no YouTube. "Como a fonética é muito complicada porque tem palavras sem vogais, não conseguem acompanhar cantando tudo, mas acompanham lendo", disse. Segundo ela, o interesse despertado nos estudantes foi grande. "Eles tinham a impressão que todo mundo no Brasil falava português, agora descobriram que nosso índio brasileiro tem uma formação diferente, e que existem muitas nações indígenas diferentes."

    Ensinando a diversidade
    Embora os colégios admitam que aproveitam as datas comemorativas para tratar de certos temas para aproveitar a exposição que eles ganham anualmente na mídia, a pedagoga Sandra Scaravelli, especializada em educação e diversidade, alerta para as consequências de abordar um assunto apenas em datas marcadas.

    "Quando você faz uma marca no calendário, é como se só naquele dia a gente pensasse nisso. O erro de cair no estereótipo seria maior. É perigoso porque o educador é um formador de opinião", explicou ela ao G1.

    Segundo Sandra, "o Brasil é diverso e a gente ainda não tem uma clareza de como se faz esse trabalho na sala de aula". O ideal, de acordo com a especialista, é tratar o tema de maneira transversal e evitar reforçar o índio como alguém diferente. "Quando faz marca está na verdade dizendo que a diferença é algo caricato, que não é algo usual."

    Datas históricas, segundo Sandra, podem ser abordadas em certos períodos do calendário, mas a diversidade deve ser tratada de maneira transveral durante todo o ano letivo, para que as crianças possam refletir sobre o que está discutindo na sala de aula e, assim, fugir do senso comum.

    No Colégio Sidarta, os índios Fulni-ô hoje conseguiram uma relação tão próxima dos estudantes que se sentam para almoçar no refeitório com as crianças e, no recreio, demostraram serem tão bons quanto os adolescentes brancos no futebol. "Começaram até a dizer que Garrincha era Fulni-ô. Eles começam a perceber as semelhanças, a entender que é tudo Brasil", disse Carmen. "É uma experiência transformadora para as crianças, é uma coisa da qual elas não vão esquecer."

    quarta-feira, 11 de abril de 2012

    Aprovada MP que reduz tributos para beneficiar pessoas com deficiência

    Leonardo Prado
    Ordem do dia
    Isenção prevista na MP deve gerar uma renúncia de receitas de R$ 162 milhões neste ano.

    O Plenário aprovou, nesta terça-feira (10), a Medida Provisória 549/11, que reduz a zero as alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a importação e a receita de venda no mercado interno de produtos destinados a beneficiar pessoas com deficiência. Aprovada na forma do projeto de lei de conversão do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), a matéria será analisada ainda pelo Senado.

    Uma das mudanças feitas pelo relator foi a inclusão dos neuroestimuladores usados por pessoas portadoras do Mal de Parkinson entre os equipamentos beneficiados pela isenção. Mabel também concedeu isenção para softwares de sintetizadores de voz e de conversão do texto em caracteres braile.

    O benefício faz parte do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, batizado pelo governo de Viver Sem Limite. Ele reúne ações estratégicas em educação, saúde, cidadania e acessibilidade.

    Inclusão digital
    Segundo dados do Ministério da Fazenda, a renúncia prevista de receitas com a isenção de produtos para as pessoas com deficiência é de R$ 161,99 milhões para 2012 e de R$ 178,80 milhões em 2013.

    Vários equipamentos isentos estão relacionados à acessibilidade digital, como mouses com acionamento por pressão, teclados adaptados, digitalizadores de imagens (scanners) equipados com sintetizador de voz e impressoras braile.

    Também contam com isenção desde 18 de novembro do ano passado, data de publicação da MP, as máquinas e linhas braile, calculadoras equipadas com sintetizador de voz, lupas eletrônicas e partes e peças para cadeiras de rodas.

    Na área médica, a MP isenta desses tributos as próteses oculares, implantes cocleares (equipamento eletrônico que permite que pessoas surdas escutem) e aparelhos de surdez.

    Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 45,6 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, o que corresponde a 23,91% da população brasileira.

    Fonte: Câmara dos Deputados

    A neurociência tem ganhado espaço como boa aliada no processo de ensino-aprendizagem.


    Não só de Vygotsky e Piaget vive a Pedagogia atual. Agora, estudos sobre o funcionamento do cérebro também entram em cena para ajudar os professores a diferenciar transtornos de aprendizagem e de comportamento, além de criar outras práticas pedagógicas para melhorar o ensino.

    Esses estudos fazem parte da neurociência, ciência já antiga, mas que só agora tem ganhado reconhecimento, principalmente na área da Educação. Mas nem sempre isso é feito da maneira mais adequada, alerta a psicopedagoga e membro da Sociedade Brasileira de Neuro­ciência e Comportamento, Marta Relvas. Para ela, a neurociência não pode ser vista como remédio que vai resolver todos os problemas da Educação ou como uma teoria, onde tudo pode ser generalizado.

    Professora há 33 anos, com experiência que vai do Ensino Fundamental até a pós graduação, ela acredita que um professor bem qualificado pode obter bons resultados em sala de aula, mesmo que a escola onde ele trabalhe não tenha recursos para a aplicação de práticas pedagógicas baseadas na neurociência.

    Conforme ela, a neurocientista propõe que a aprendizagem é fruto de uma relação emocional e afetiva e que, por isso, o professor tem um papel fundamental no processo. Confira a entrevista dada com exclusividade ao Escola.


    A neurociência traz uma nova abordagem no método de ensino. Qual o problema do método de ensino tradicional?
    A gente verifica na escola é um modelo só de ensino. O conteúdo não tem o menor significado em relação a experimentação e à experiência desse estudante; ele não é contextualizado e isso não traz uma relação efetiva no seu cotidiano e o aluno não aprende.

    Muitas vezes o problema não está no foco do estudante, mas na metodologia pedagógica. Às vezes basta o professor redimensionar a metodologia para que o estudante assimile aquele conteúdo. E o aluno só pode associar na medida em que experimentou, que ele conheceu o assunto.

    Como a neurociência pode ser uma aliada na sala de aula?
    A neurociência é uma ciência que estuda o sistema nervoso central em pleno desenvolvimento no aspecto neuroquímico, biológico, celular, anatômico, fisiológico, psicológico, emocional e social para que o educador e o professor possam compreender dificuldades, transtornos de aprendizagem e comportamentais que podem se apresentar em sala de aula. A neurociência vem como um suporte para os educadores, para que eles possam fazer uma aula melhor, trazendo recursos que possam estimular os canais sensoriais dos alunos.

    Como isso funciona na prática?
    Nosso trabalho é direto com os estímulos cerebrais, então a neurociência atua através de jogos e dinâmicas que estimulem todos os sentidos do aluno. A gente promove jogos para que possa ocorrer um upgrade desse hardware, que é o cé­rebro, para que softwares diferenciados possam rodar nesse hardware, aumentando a memória e a capacidade de raciocínio.

    Como o professor, através da neurociência, é possível identificar transtornos de aprendizagem?
    Eu também sou professora de carteirinha e sempre tive problemas com crianças que não aprendem, mas a neurociência dá um olhar para a gente diferenciar um transtorno de aprendizagem, se aquela criança realmente tem uma dislexia, uma dislalia, ou se o que impede ela de aprender é o ato pedagógico. Então a neurociência não vem como uma panaceia para resolver todos os problemas da educação, mas para auxiliar, dar um suporte, até mesmo para que o professor rotule menos as crianças.
    A neurociência vem também para que esse professor avalie se realmente a gente tem um processo de alteração fisiológica ou se é patológica, ou seja, uma doença, com alguns transtornos sérios tanto de aprendizagem quanto de comportamento.

    A neurociência trabalha de modo específico com os alunos com necessidades especiais?
    Não. A neurociência dá uma visão de inclusão, mas não essa inclusão dita popular, que só inclui cadeirantes. Ela inclui todos, porque a neurociência estuda a relação emocional e afetiva de comportamentos humanos na sala de aula.

    E quando nós falamos de inclusão, a gente só pensa no cadeirante, no aluno cego. Mas na visão da neurociência, que é ampla e complexa, todos deverão ser incluídos, porque, às vezes, o aluno não tem um problema físico, mas tem outras constatações emocionais que afeta o bio, o psico-emocional e social de uma pessoa.

    A neurociência é muito utilizada nos processos de aprendizagem de crianças. Mas, atualmente, ela também tem sido inserida no ensino universitário. Porquê?
    A neurociência tem braços em todas as fases da educação, até na superior. Existem muitos alunos com transtornos comportamentais sérios na sala de aula e, muitas vezes, os professores universitários pensam que, por eles serem adultos, eles não têm problemas ou isso faz com que eles tenham cautela para trabalhar questões mais diferenciadas com esses alunos. A neurociência tem ajudado muito esses professores a lidarem com os transtornos comportamentais.

    Como um professor pode se capacitar para trabalhar com neurociência em sala de aula? E como anda o interesse dos pedagogos por essa ciência?
    São cursos e minicursos que tenham uma construção teórica de entender a anatomia e a fisiologia do cérebro. Pela minha experiência eu percebo que a cada ano eu tenho maior quantidade de pedagogos e professores interessados sobre o assunto.

    Hoje já não dá mais para a gente estudar como ensinar e aprender com um jargão de teóricos de aprendizagem. O importante é sempre contextualizar, trazer esta realidade para que o professor não fique muito distante dessa questão da pedagogia e neurociência. Esse diálogo é fundamental entre essas duas áreas: educação e saúde.

    Atualmente, muitas secretarias de Educação têm ofertado aos seus professores cursos de neurociência para que eles possam melhorar o ensino em sala de aula. Como a senhora vê essas práticas?
    Minha preocupação enquanto pesquisadora é não fazer disso uma panaceia de resolução de problemas nem ver na neurociência uma teoria. A neurociência é um suporte científico, ela não é uma teoria até porque os cérebros são diferentes e funcionam de formas diferentes.

    Não existe uma teoria efetiva, mas existe um olhar de entendimento e compreensão daquele aluno que segue ou daquele aluno que fica retido no processo de aprendizagem. Quais são os resultados que poderíamos esperar da aplicação de práticas pedagógicas relacionadas a neurociência na sala de aula?
    A neurociência ainda é recente no Brasil; estamos trabalhando efetivamente de uns cinco anos para cá. Mas posso responder, de acordo com minhas experiências, que nas turmas em que eu aplico determinados recursos táteis, visuais etc, quando eu utilizo várias maneiras de trabalhar o aprendizado, o sucesso do conhecimento e da aplicação no cotidiano, sem dúvida nenhuma, é de 70 a 80% melhor do que na aula convencional, aquela que a gente costuma chamar de “cuspir giz”, que é quando o professor fica preso no quadro e fala daquela maneira bastante monótona e tradicional.

    Porém, muitas escolas, principalmente as públicas, não possuem esses recursos materiais. Como o professor de uma escola pública pode trabalhar a neurociência?
    O professor tem vários caminhos para trabalhar com esses recursos. Não precisa ser necessariamente caros ou tecnológicos, mas eles tem outros recursos mais interessantes até de se fazer e produzir. Coisas que, na escola particular, muitas vezes, já está tudo pronto, mas na escola pública tem que fazer mesmo, através de materiais reutilizáveis, o que torna a tarefa muito interessante.

    Mas é possível ter um nível bom de aprendizado somente com a aula convencional?
    Eu vejo que o professor tem que ser um encantador. Ele pode até fazer uma aula de quadro e giz, mas que esse quadro seja uma viagem para o aluno. O professor tem que ser emocional naquilo que fala, tem que ter paixão naquilo que faz, tem que babar e fazer o outro babar de desejos.

    Ele tem que comer a frutinha e mostrar para o aluno que aquilo é muito bom, porque aprender é uma relação emocional e afetiva. Então ele pode até ter um recurso que seja só um quadro e um giz, mas ele tem que fazer com que esse aluno viaje e traga o imaginário dele para emoldurar esse conteúdo numa relação de afeto e de emoção.

    A internet também trouxe mais desafios para o professor que, agora, também tem que dominar outro tipo de linguagem. Como a neurociência pode ajudar nesse processo de aprendizagem que, a cada dia, torna-se mais complexo?
    A internet vem como uma ferramenta. O que acontece nessa questão da aprendizagem é uma questão de foco. Para aprender é necessário que a gente foque nos nossos alunos, que a gente roteirize e organize o conteúdo para que eles tenham um ritmo neural. Então tudo é válido, desde que seja dosado.

    Se o adolescente vem com um cabedal grande de informações, nós temos que transformar isso em conhecimento, transcrevendo isso para o cotidiano. Não é toa que tem muitos assuntos na internet que são mais interessantes do que uma fórmula matemática, porque não se mostra ao aluno onde ele vai aplicar essa fórmula na prática.

    O que eu penso é que está faltando é foco nessa resistência que a própria educação tem em relação a tecnologia. A gente encontra ainda muitos professores resistentes, focados numa Pedagogia anterior. Aí é claro que se aprendemos com o cérebro, formando certas conexões, e esse professor não potencializa esse determinado estímulo, estamos de novo na contramão da educação.

    Quem é o que fez?

    Marta Pires Relvas é bióloga, mestre e doutora em Psicanálise. Também é psicopedagoga, pós-graduada em Anatomia Humana e especialista em Neurofisiologia Humana, Bioética Aplicada e em Didática do Ensino Superior. Atualmente é professora dos cursos de graduação e pós graduação da Universidade Estácio de Sá, coordenadora do curso de pós-graduação de Neurociência Pedagógica da Universidade Cândido Mendes, docente do curso de pós-graduação em Neuropsicologia da Faculdade de Artes do Paraná e no Instituto de Educação Segmentum (Salvador).

    Também é professora do Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação e membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento. Escreveu os Fundamentos Biológicos da Educação, Neurociência e os Transtornos da Aprendizagem e Neurociência e Educação, todos publicados pela Editora WAK.

    Fonte: Tribuna do Planalto


    terça-feira, 10 de abril de 2012

    Pai mais velho tem maior risco de ter filho autista, diz estudo


    Quanto mais velho é o pai, maior é a chance de que uma criança desenvolva o autismo. A descoberta é um dos destaques de três estudos publicados nesta quarta-feira (4) pela revista científica “Nature”, que identificaram vários genes ligados ao distúrbio.

    Os três trabalhos, todos de universidades dos EUA, tiveram como enfoque as chamadas mutações “de novo”, erros genéticos que surgem nos pacientes, mas que não estavam presentes em seus pais e se devem a fatores internos da própria célula.

    Os pesquisadores estudaram casos de autismo em crianças sem antecedentes na família e compararam o genoma dos pacientes ao dos seus pais.

    Cada pesquisa descobriu um aspecto diferente. A liderada por Matthew State, da Universidade Yale, descobriu mutações em genes expressados no cérebro que estão associados às doenças do espectro autista.

    Outra, liderada por Mark Daly, da Faculdade de Medicina Harvard, em Boston, mostrou que muitas das mutações genéticas encontradas nos autistas não necessariamente causam o distúrbio.

    Já o estudo liderado por Evan Eichler, da Universidade de Washington, mostrou que a maior parte das mutações tem origem paterna, e o problema fica mais intenso de acordo com a idade do pai – quanto mais velho ele for, maior o risco para a criança.

    Hoje, é consenso entre os pesquisadores que o autismo tem causas genéticas, mas esta relação ainda não é conhecida com detalhes.

    “À medida que identificarmos mais genes, obteremos uma imagem mais clara de como se origina o autismo, o que nos conduzirá a objetivos terapêuticos que nos permitam desenvolver novos tratamentos contra a enfermidade”, afirmou à Efe Stephan Sanders, um dos autores, que fez parte do grupo liderado por Matthew State.

    Obesidade na gravidez aumenta risco de ter filho autista, diz estudo

    A obesidade durante a gravidez, associada ao diabetes, pode aumentar o risco de o filho nascer com autismo, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira (9), nos Estados Unidos.

    Conduzido por pesquisadores vinculados a UC Davis MIND Institute, na Califórnia, o estudo mostrou que mães obesas tinham quase 67% mais probabilidade de ter um filho com autismo do que uma gestantes com peso normal, sem diabetes ou hipertensão. Além de correr o dobro do risco de ter um filho com outro transtorno de desenvolvimento.

    Kelly Andrus brinca com seu filho, Bradley, em uma sala localizada em um centro especial em Lewisville, no Texas, em 4 de abril. Os médicos diagnosticaram autismo leve na criança, que fará três anos.  (Foto: Tony Gutiérrez/AP)
    Kelly Andrus brinca com seu filho Bradley em uma sala localizada em um centro especial em Lewisville, no Texas, em 4 de abril. Os médicos diagnosticaram autismo leve na criança, que fará três anos. (Foto: Tony Gutiérrez/AP)
    O estudo chega em um momento no qual, em 20 anos, especialistas discutem a possibilidade de modificar a definição de autismo. Alguns pais temem que, com isso, seja abolido o nome “autista” e, por consequência, a terapia especializada.
    De acordo com o estudo, as mães com diabetes mostraram risco semelhante de ter uma criança com atrasos de desenvolvimento, compadas como a mães saudáveis. No entanto, a proporção de mães com diabetes que tiveram uma criança com autismo foi maior do que em mulheres saudáveis, mas não alcançou significância estatística.
    O estudo também descobriu que as crianças autistas de mães diabéticas eram mais deficientes - tiveram maiores déficits na compreensão da linguagem e produção e comunicação de adaptação - que eram as crianças com autismo nascidas de mães saudáveis.
    No entanto, as crianças sem autismo nascidas de mães diabéticas também exibiram alterações nas socialização em adição à compreensão da linguagem e de produção, quando comparado com as crianças não-autistas de mulheres saudáveis.

    segunda-feira, 9 de abril de 2012

    Estudo tenta detectar sinais precoces de dislexia



    A dislexia, é, muitas vezes, diagnosticada apenas quando as crianças entram para a escola. Uma universidade australiana está a efetuar, pela primeira vez, um estudo com bebés para tentar identificar sinais precoces da perturbação. O projeto vai monitorizar uma centena de crianças durante cinco anos.